Ontem e Hoje - Extremos no clima


O “tempo maluco” foi com frequência assunto de bate-papo no elevador neste ano e, sim, eventos extremos estão virando o novo normal. Em 2017, nenhum continente foi poupado: fenômenos como secas, furacões, smog e incêndios florestais causaram dezenas de mortes e foram diretamente relacionados pela comunidade científica às mudanças climáticas.
Sul da Europa, Canadá e Estados Unidos estão entre as áreas mais atingidas pelos devastadores incêndios florestais. Na Califórnia e em Portugal, 2017 foi o ano dos maiores e mais mortais incêndios em suas matas. Nem mesmo a Groelândia foi poupada. As mudanças climáticas, junto à perigosa combinação entre falta de manejo sustentável das florestas e ação humana, foram o motivo.
Ondas de calor sem precedentes foram registradas em várias partes do planeta em 2017, levando a secas, alimentando incêndios florestais e causando mortes. A Austrália começou o ano com temperaturas perto de 50 graus Celsius, a onda de calor “Lúcifer” elevou os termômetros a mais de 40 graus durante julho e agosto no Sul da Europa.
Grandes tempestades foram responsáveis pelas maiores catástrofes naturais do ano. Os furacões Harvey, nos Estados Unidos, Irma e Maria, no Caribe, e Katia, no Golfo do México, deixaram um rastro de destruição. Ciclones são comuns na região, mas a frequência e intensidade desses fenômenos neste ano – potencializados pelo aquecimento dos oceanos – foram fora da curva.
Ao mesmo tempo, o nível global dos oceanos atingiu um novo pico em 2017, com a aceleração do derretimento das calotas polares. Em julho, um bloco de 5,8 mil quilômetros quadrados se desprendeu da plataforma de gelo Larsen C, formando um dos maiores icebergs já registrados e alterando o mapa da Antártida.
Enchentes causaram milhares de mortes nas Filipinas, Grécia, Alemanha e Vietnã, entre vários outros países. Enquanto a seca aumenta a pressão sobre as populações em regiões da África e da Ásia, como Somália, Sudão do Sul e Paquistão, onde conflitos armadas já fazem do dia a dia uma luta pela sobrevivência.
Os oceanos, muitas vezes esquecidos, também viram suas batalhas ficarem mais difíceis em 2017: apesar das várias iniciativas, a destruição da Grande Barreira de Corais continuou a níveis alarmantes. A acidificação dos mares está tornando regiões inabitáveis para uma série de criaturas marítimas, pondo em perigo ecossistemas oceânicos inteiros.
Governos pelo mundo passaram a falar mais, em 2017, em defesa do clima: o presidente francês, Emmanuel Macron, que assumiu em maio, chegou ao poder prometendo aumentar o financiamento a pesquisadores do clima – uma esperança num ano marcado, também, pela saída americana do Acordo de Paris.
2018 com mais perigos climáticos
A intensidade de eventos meteorológicos perigosos aumentará” em 2018, de acordo com prognósticos de Alexei Kokorin, chefe do programa de Clima e Energia do Fundo Mundial para a Natureza (WWF, na sigla em inglês).
Em entrevista à Sputnik, o especialista explicou que trata-se de um “processo lógico”, para o qual “devemos estar preparados”.
“Aumenta a intensidade do fenômeno anômalo: é um fato e continuará assim”, sublinhou o meteorologista russo.
Quanto ao possível aumento quantitativo de tais fenômenos, ele afirmou que isso “dependerá do método de cálculo”.
Kokorin explicou ainda que a intensificação desses fenômenos não terminará em catástrofe, mas poderia causar mais danos materiais, para o qual ele alertou que devemos estar preparados para tais consequências. O meteorologista também falou sobre o clima, e as perspectivas são de mais instabilidade no próximo ano. “O tempo novamente será instável: talvez haja um calor anômalo por duas ou três semanas, ou um frio igualmente incomum durante o mesmo período de tempo”, previu. 

Fonte: Deutsche Welle e Sputnik

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