Meio ambiente e tecnologias de informação


O crescimento populacional que acompanhamos atualmente faz com que o cenário do futuro do planeta seja composto por imagens catastróficas. A superpopulação mundial coloca em evidência a importância de desenvolvermos tecnologias inovadoras que resultem em alternativas eficientes, capazes de sustentar o planeta futuramente. No entanto, uma questão deve ser discutida: a chave para um futuro sustentável está nas inovações tecnológicas?
Nos últimos anos a tecnologia tem sido uma aliada de valor para as causas ambientais. No início dos anos 70 havia uma crença generalizada em que a ideologia ambientalista era uma inimiga do desenvolvimento econômico. "A poluição é o preço do progresso", dizia-se em reuniões de conselhos de grandes empresas multinacionais. Empresas, governos e sociedade usam da Internet para difundir seus produtos, políticas e interesses. Quanto mais informação circular entre estes três atores sociais, maior a possibilidade do encontro entre o problema ambiental e a tecnologia disponível para sua solução.
Hoje
As tecnologias de informação englobam toda a linha de produtos eletrônicos e de informática e representam um dos mais importantes setores industriais. No Brasil, as tecnologias de informação (TI) movimentaram cerca de R$ 192 bilhões em 2014. O mercado brasileiro de TI é o sétimo maior do mundo em número de consumidores, representando 46% do faturamento do mercado de informática da América Latina. Em 2017, segundo especialistas, este mercado deverá movimentar cerca de R$ 236 bilhões; um aumento de 2,9% em relação a 2016.
Os maiores fabricantes (montadoras) de equipamentos de TI no Brasil são as empresas Dell, HP, Lenovo, Acer, Positivo, entre as principais. A fabricação de equipamentos eletrônicos foi de 9,4 milhões de unidades de PCs e tablets e de 70,3 milhões de celulares em 2014. A recessão econômica fez com que esses números tivessem uma redução significativa a partir de 2015, acumulando uma queda de mais de 30% em 2016.
O descarte de produtos eletrônicos e de informática constitui o que se chama de resíduos eletrônicos. O Brasil produzia em 2015 cerca de 2,5 kg de resíduos eletrônicos por habitante/ano (para uma população de 205 milhões de habitantes em 2015). Segundo dados da ONU, o Brasil produziu cerca de 1,4 milhão de toneladas de lixo eletrônico em 2014. A estimativa de órgãos do setor é que apenas 4% deste volume eram reciclados e uma parte desconhecida era vendida para recicladores localizados na China, Malásia, Paquistão e outros países.
Os resíduos eletrônicos tem forte impacto no meio ambiente. Se não forem devidamente dispostos, podem contaminar o solo e o lençol freático com produtos químicos e metais pesados. Mesmo assim, a reuso ou a reciclagem destes materiais ainda é bastante limitada. Foi só recentemente, com a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), criada em 2010 e que começa a ser definitivamente implantada a partir de 2018, que os resíduos de TI receberam atenção especial. Assim, o setor de informática apresentou proposta de implantar projetos de logística reversa ao Ministério do Meio Ambiente, a exemplo de vários outros setores da indústria (indústria papeleira, indústria de bebidas, etc). Os projetos de logística reversa estão em fase de implantação e envolvem todos os fabricantes e importadores de produtos de informática.
No entanto, ainda é reduzido o número de locais onde se faz a reciclagem de IT. Como ainda não existe a obrigatoriedade da lei, grande parte da população ainda não adquiriu o costume de reciclar seus equipamentos. Na maior parte das vezes, os equipamentos acabam sendo depositados em aterros sanitários ou lixões; estes últimos simples depósitos de resíduos, sem qualquer tipo de controle técnico.
A TI Verde, além da reciclagem, também inclui os conceitos de eficiência energética, ou seja, o desenvolvimento de equipamentos com menos consumo de energia, o reuso e a reciclagem de materiais e o desenvolvimento de processos produtivos e materiais menos poluentes, entre outros. A TI Verde abrange todo o ciclo de vida dos produtos de informática, desde a extração das matérias primas – petróleo e minerais – até o descarte dos equipamentos usado. Os grandes produtores de TI nos Estados Unidos, Japão e Europa, estão preocupados em diminuir o impacto ambiental dos seus produtos durante todo o ciclo de produção e consumo. O grande indutor deste processo no Brasil seria a efetiva implantação da PNRS, fazendo com que fabricantes, comerciantes e consumidores sejam obrigados a adotar práticas mais sustentáveis. 

Fonte: Ricardo Ernesto Rose

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