Plantar árvores: saúde e ar fresco
Novo estudo da organização The
Nature Conservancy (TNC) revela que um investimento de apenas US$ 4 por
habitante para plantio de árvores em algumas das maiores cidades do mundo
beneficiaria a saúde de dezenas de milhões de pessoas, devido à redução da poluição
do ar, das ilhas de calor e do aquecimento global.
Um investimento global de US$ 100
milhões ao ano em plantio de árvores pode oferecer cidades mais frescas a 77
milhões de pessoas, além de decréscimos mensuráveis da poluição por material
particulado a 68 milhões de habitantes.
As árvores são a única solução
com a dupla função de limpar e resfriar o ar, ao mesmo tempo em que oferecem
outras vantagens: espaços verdes para os cidadãos, habitat para a fauna
selvagem e sequestro de carbono.
Obviamente, não basta só plantar
– é preciso cuidar para que as árvores cresçam e se mantenham saudáveis, com
espaço para o desenvolvimento de raízes e galhos e com amplo acesso a
nutrientes e água. Dessa forma, estarão mais resistentes ao ataque de doenças e
também terão menor risco de queda durante as tempestades.
Publicado no dia 31 de outubro
2016 na conferência anual da Associação Americana de Saúde Pública, o estudo
Plantando Ar Puro (Planting Healthy Air) apontou os lugares nos quais um
investimento em árvores pode trazer maior impacto à vida das pessoas. Os
centros urbanos com alta densidade demográfica, níveis elevados de poluição e
calor e baixo custo no plantio de árvores apresentaram as maiores taxas de
retorno sobre o investimento. Países como a Índia, Paquistão e Bangladesh
seriam os mais beneficiados, mas cidades latino-americanas também possuem
grande potencial de se beneficiar do plantio.
O estudo, que calcula o retorno
sobre investimento (ROI), aponta que Salvador, Recife, Fortaleza e São Paulo
estão entre as 10 cidades com maior ROI para material particulado da América
Latina, ou seja, encontram-se entre as cidades com a melhor relação
custo-benefício para redução de material particulado. São Paulo e Salvador
também estão entre as 10 cidades com maior ROI para redução de calor.
Saúde pública - A TNC desenvolveu o estudo em parceria com o
Grupo C40 de Grandes Cidades na Liderança Climática, com o objetivo de fornecer
às lideranças nas cidades os dados necessários para demonstrar que os
investimentos em plantio de árvores podem melhorar a saúde pública.
“Árvores em zonas urbanas salvam
vidas e são tão economicamente eficientes quanto as soluções mais tradicionais,
como instalar depuradores de chaminés ou pintar os telhados de branco”,
declarou Rob McDonald, cientista responsável pelas cidades do mundo na TNC e
principal autor do estudo. A seguir, alguns destaques:
Anualmente, mais de 3 milhões de
pessoas morrem em decorrência dos efeitos do material particulado fino – uma
forma de poluição tão diminuta que pode entrar no fluxo sanguíneo e nos
pulmões, acarretando doenças respiratórias, cardíacas e derrame. Nas cidades,
uma grande parcela dessa poluição resulta da queima de combustíveis fósseis,
inclusive pelos motores de automóveis. Árvores podem remover até um quarto do
material particulado no raio de algumas centenas de metros e, plantadas no
lugar correto, constituem uma barreira eficaz que filtra o ar sujo e protege a
população local.
O aquecimento urbano já é o
desastre climático mais letal que enfrentamos, e os impactos devem aumentar
conforme o clima continua mudando. No verão de 2003, na França, uma onda de
calor matou cerca de 11.000 pessoas em uma semana. Os mais vulneráveis às ondas
de calor são os idosos sem acesso a ar condicionado. Uma árvore pode diminuir a
temperatura à sua volta em até 2º C, oferecendo uma proteção contra os impactos
da mudança climática.
Fonte: Amália Safatle - Página 22
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