Nascentes - Parte 2: Preservação
A água é um recurso natural
insubstituível para a manutenção da vida saudável e bem estar do homem, além de
garantir auto-suficiência econômica da propriedade rural. Nas últimas décadas,
o desmatamento de encostas e das matas ciliares além do uso inadequado dos
solos, vêm contribuindo para a diminuição da quantidade e qualidade da água. Para
a preservação das nascentes e mananciais em propriedades rurais, pode-se adotar
algumas medidas de proteção do solo e da vegetação que englobam desde a
eliminação das práticas de queimadas até o enriquecimento das matas nativas.
Conheça algumas delas, já praticadas por alguns produtores rurais que podem
valorizar suas terras.
Conservação do Solo - Plantio em
curva de nível: é uma técnica de conservação do solo e da água, excelente para
o cultivo em morros e terrenos acidentados. Neste tipo de plantio, cada linha
de plantas forma uma barreira diminuindo a velocidade da enxurrada.
Evitar queimadas pois estas,
causam sérios danos às florestas e outros tipos de vegetação deixando o solo
descoberto e matando os microrganismos e a vida do solo. Este solo sem proteção
da cobertura vegetal pode ficar endurecido pela ação das gotas da chuva, o que
irá reduzir a velocidade e quantidade de infiltração da água, além de favorecer
as enxurradas.
Plantio em consórcio,
intercalando faixas com plantas de crescimento denso com faixas de plantas que
oferecem menor proteção ao solo. As faixas com plantas de crescimento denso têm
a função de amortecer a velocidade das águas da enxurrada permitindo uma maior
infiltração de água no solo.
Fazer uso dos restos culturais
(palhada). Esse material, também chamado de matéria orgânica, quando apodrece
favorece os organismos que vivem na terra melhorando as condições de
infiltração e armazenamento de água no solo, além de diminuir o impacto das
gotas de chuva sobre a superfície.
Uso de Defensivos - O uso excessivo e descontrolado de defensivos
agrícolas nas lavouras são grandes agentes de contaminação do solo e da água,
principalmente do lençol freático. Por isso seu uso dever ser controlado e
feito sob a orientação de um técnico responsável.
Deve-se construir locais
apropriados para o descarte das embalagens, que jamais devem ser jogadas em
rios e córregos ou junto ao lixo comum da fazenda.
Cercamento de Nascentes - Construção
de cercas, fechando a área da nascente, num raio de 30 a 50 metros a partir do
olho d’água: evita a entrada dos animais e por conseguinte o pisoteio e
compactação do solo.
Manutenção do asseio, ou seja a
limpeza em volta da cerca para evitar que o fogo, em caso de incêndio, atinja a
área de nascente.
Enriquecimento da Vegetação - A vegetação em torno das nascentes funciona como
barreira viva na contenção da água proveniente das enxurradas.
Deve-se priorizar espécies
nativas da região que geralmente são divididas em pioneiras e clímax.
Guapuruvu, bracatinga,
orelha-de-negro, amoreira, pitanga, alecrim e sibipiruna são exemplos de
espécies pioneiras, ou seja de ciclo de crescimento rápido que produzem uma
grande quantidade de sementes, facilitando assim a renovação natural da área
plantada, já que possuem duração máxima de 20 anos. Exigem muita luz solar e
servem para fazer sombreamento para as espécies clímax.
Recomenda-se que as covas das
espécies pioneiras devam ser feitas em ziguezague, proporcionando uma cobertura
vegetal mais ampla. O plantio das mudas pode obedecer um espaçamento padrão de
3m x 3m.
Óleo de copaíba, ipê, peroba,
acácia, paineira, jacarandá, cedro, pau-brasil, angico, pau-de jacaré,
pau-ferro, entre outras, são exemplos de espécies de clímax, de desenvolvimento
mais lento, que necessitam do sombreamento das espécies pioneiras para se
desenvolverem. Produzem sementes e frutos e possuem vida média de 100 anos.
A mata ciliar não deve ser
plantada em cima da nascente. Deve-se respeitar um espaço mínimo de 30 metros
de distância. A renovação da vegetação junto à nascente deve acontecer de
maneira natural.
Outras Medidas - Construção de fossas assépticas nas residências
rurais, evitando o lançamento de esgotos nas águas da propriedade.
Construção de fossas para os
rejeitos animais, principalmente no caso de criação de suínos.
Construção de cochos para
abastecimento de água para o gado ao longo da propriedade, evitando o trânsito
de animais junto às nascentes e córregos.
Fonte: Prof. Dr. Sérgio Luís de Carvalho
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