É preciso repensar a nossa ação em prol de um futuro melhor


Propomos debater os desafios para construir um futuro sustentável. Faz-se necessário pensar em nossa condição humana e construir um pensar para além do pensamento hegemônico. Eis abaixo alguns pressupostos.
Há uma crise civilizacional em curso, esta crise é econômica, social, política, ambiental e ética. Uma crise que, pela perplexidade que gera, evidencia um fosso crescente na sociedade. Resultado de um modo de produzir e organizar a vida e o consumo.
A crise ambiental trouxe à tona a finitude e as limitações humana e planetária, bem como explicitou de maneira mais evidente a forma como chegamos a este ponto. A ciência que nos levou à crise não pode ser a mesma que vai nos tirar dela. Precisamos de uma “nova ciência”, que não fragmente, não destrua e que possa religar saberes de forma ética.
Necessitamos, urgentemente, demarcar alguns elementos indicadores de um novo paradigma que possa dar conta da complexidade desta crise e que aponte trilhas e mapas na construção de um mundo melhor.
Nosso sistema de ensino precisa mudar e ganhar outros significados. Nesta mudança, deverá vincular um fazer compromissado com os desafios de nosso tempo.
O processo econômico, produtivista em curso, é insustentável, porque explora, exclui, esgota os recursos, gera degradação e sua continuidade tornará a vida humana no planeta incerta. Este modelo ameaça arrastar consigo a própria vida no planeta.
É preciso buscar estabelecer novos parâmetros de prudência e equilíbrio na relação homem e natureza, sociedade e meio ambiente; continuar observando, diagnosticando, analisando para produção de um saber e um conhecimento contextualizado e global. Hoje, melhor do que ontem, possuímos instrumentos teóricos, metodológicos e científicos para efetivar esta compreensão e dar essa passada.
Diante de tais pressupostos é importante lembrar que a mesma lógica que explora e oprime as pessoas também explora e subordina a natureza. Entramos mais do que devíamos no uso e desgaste natureza. Como um grande baú que retiramos, usamos e não repomos.
Há dados do IPCC da ONU que demonstram que ultrapassamos em cerca de 30% a capacidade reprodutiva da natureza para atender às necessidades deste tempo. Por isso, colocamos o desafio de romper com tudo que nos liga às ideias de dominação, exploração, devastação, destruição.
E nossa tarefa, nesse sentido, é agrupar e criar noções, mesmo que embrionárias, de um novo começo necessário e imprescindível para cruzarmos o século 21 e daí imaginarmos outros séculos pela frente.
Essa é uma reflexão que tem como objetivo buscar referenciais teóricos e metodológicos iniciais que possam dar conta de explicar e transformar as coisas que compõem a realidade. Apenas um pequeno passo para a reflexão de um futuro necessário. 

Fonte: Paulo Bassani - Sociólogo Ambiental e Professor da Universidade Estadual de Londrina (UEL)

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