O preço da adaptação climática


Para que os países em desenvolvimento possam implementar estratégias de adaptação efetivas, a ONU calcula que seja necessário um investimento imediato por parte das nações desenvolvidas, com valores variando entre US$ 50 bilhões e US$ 70 bilhões por ano. Segundo o Banco Mundial, as medidas de adaptação custariam muito menos do que o estimado pela ONU: as projeções oscilam entre US$ 10 bilhões e US$ 40 bilhões por ano.
Já a organização internacional Oxfam divulgou, em dezembro de 2008, o relatório Turning Carbon into Gold (Transformando Carbono em Ouro) que estima que os custos para a adaptação dos países em desenvolvimento giram em torno de US$ 50 bilhões ao ano – isso se o aquecimento da Terra não ultrapassar 2º C. O documento também apresentou a proposta de que as adaptações sejam patrocinadas pela compra e venda de direitos de emissões de gases de efeito estufa a partir de 2012.
Um fundo mundial
Independentemente da falta de acordo sobre os custos da adaptação, figura desde o estabelecimento do Protocolo de Quioto, em 1998, um fundo internacional para subsidiar a ações de adequação das nações em desenvolvimento ao fenômeno. No entanto, os valores da arrecadação – provenientes de uma taxa de 2% sobre os investimentos de países ricos em projetos de energia limpa nos países em desenvolvimento – são considerados irrisórios e estão muito aquém das expectativas. Um levantamento feito pelo jornal britânico The Guardian mostrou que, do montante prometido ao fundo pelas nações ricas aos países em desenvolvimento, apenas 10% foi repassado nos últimos sete anos.
Na 14ª Conferência das Partes da Convenção do Clima, realizada em dezembro de 2008 na Polônia, foi definido um novo rumo para o fundo. Os países em desenvolvimento passariam a ter acesso direto aos valores do mecanismo – sem intermediação. Os recursos previstos são de US$ 80 milhões ao ano, com a possibilidade de expansão para US$ 300 milhões até 2012. Apesar da intenção citada, até agora a nova operacionalização do fundo não foi posta em prática.
Para Carlos Nobre, os valores do fundo são insignificantes frente às dificuldades que as populações pobres correm o risco de enfrentar. “Há um imenso descompasso entre os recursos disponíveis e as reais necessidades dos países pobres. O ideal seria trabalhar-se com repasses de US$ 100 bilhões por ano”, afirma. 

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