Efeito de Borda


O efeito de borda depende do tamanho e da forma dos fragmentos florestais. É menor em remanescentes maiores e com forma mais próxima de circular. Como o efeito de borda pode atingir, em uma generalização grosseira, 100 metros mata adentro, remanescentes com menos de 100m de largura ou diâmetro podem ser "inteiramente borda", e requerem técnicas de conservação mais complicadas.
Os dois tipos de ambientes (a floresta e a área aberta) se influenciam mutuamente, em uma certa medida. Assim, se nas plantações agrícolas o ambiente estiver ensolarado e quente, basta aproximar-se da mata para experimentar um ambiente gradativamente mais fresco e sombrio, até o interior da floresta.
As áreas da floresta perto da borda com o exterior acabam ficando mais iluminadas, mais quentes e mais secas. E as espécies da floresta respondem de várias maneiras a este fenômeno. Algumas não suportam a baixa umidade, por exemplo, mas outras acabam por se beneficiar, como algumas espécies de cipós. Com isso, o equilíbrio natural fica comprometido, podendo haver perda de espécies.
Um perigo adicional é o avanço da borda para o interior, com a mortalidade de árvores, que além dos cipós ficam mais expostas à seca e ao vento. Na verdade, existe na ecologia um conceito - ecótono - criado apenas para definir a transição natural entre dois ambientes ou dois ecossistemas. No caso das bordas dos fragmentos de floresta, no entanto, não se trata de uma situação natural, contínua e estável (numa escala de tempo mais longa), mas de algo abrupto e que tem uma dinâmica muito rápida.
A estrutura e a dinâmica de um fragmento florestal variam em função de uma série de fatores, tais como o histórico de perturbação, a forma da área, o tipo de vizinhança e o grau de isolamento. Um dos fatores que mais afetam um fragmento é o efeito de borda, que pode ser definido como uma alteração na estrutura, na composição e/ou na abundância relativa de espécies na parte marginal de um fragmento. Tal efeito seria mais intenso em fragmentos pequenos e isolados.
Por outro lado, a variabilidade é um componente inerente a qualquer sistema biológico. Um fragmento florestal apresenta diferenças espaciais em suas propriedades. Uma propriedade do sistema pode ser a biomassa de plantas, os nutrientes no solo, a abertura do dossel, a riqueza de espécies, a abundância de espécies, dentre outras. A complexidade e variabilidade de uma ou várias propriedades do sistema no espaço é chamada de heterogeneidade espacial.
Fragmentos florestais sofrem pressões diversas que resultam em perda de diversidade biológica. A pressão antrópica, o aumento do efeito de borda, associado à diminuição da área do fragmento, e a remoção da fauna que, entre outros serviços prestados, poliniza e dispersa frutos e sementes, são responsáveis pela extinção local de espécies vegetais. Estes processos acarretam na diminuição da capacidade dos fragmentos em dar suporte à vida animal, criando um efeito negativo sobre outros níveis tróficos. Este processo em cascata culmina em perda de biodiversidade.
A substituição da vegetação nativa por áreas de pasto, monoculturas e culturas de subsistência, implica na perda contínua e irreversível da biodiversidade, seja diretamente pela extinção de espécies, ou pela perda da variabilidade genética das espécies ameaçadas de extinção. 

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