10 Mandamentos da Arquitetura Sustentável


1 - Pense pequeno
Pequenas casas são belas e aconchegantes. No século XX a tendência foi de, sempre que possível, habitar grandes casas e grandes edifícios de apartamentos, que consomem grandes quantidades de energia. Quanto maior a casa ou apartamento, mais material e maior dano para o ecossistema. Uma habitação deve ter o tamanho correto para seus moradores. Nem mais nem menos. Isto se pode conseguir com o uso eficiente do espaço, boa organização, e guardando apenas o necessário, descartando-se do que não se vai mais utilizar.
2 - Utilize o sol e o resfriamento passivo
Um projeto climático-ambiental adequado é fundamental para o conforto de uma casa. Numa casa mal projetada você pode sentir-se sufocado pelo calor ou tremer de frio. O bom projeto solar passivo fornece luz suficiente para os compartimentos para ser absorvida pela massa térmica circundante, de modo que o calor será devolvido ao quando o sol se põe.
A massa térmica é uma espécie de bateria que armazena o calor, absorvendo-o para manter o calor durante o dia. Igualmente importante para a massa térmica é o isolamento energético (matériais, de preferência naturais que incorporem ar, como argila espandida, palha etc.), que irá manter essa energia contida no interior. A massa térmica precisa ser isolada do exterior, ou então haverá o sangramento do calor de volta para fora. Uma casa de pedras pode ter toneladas de massa, mas ser desconfortavelmente fria, devido justamente ao sangramento desta energia. Assim, um bom projeto solar utiliza materiais do tipo certo no lugar certo, misturando a dinâmica térmica com design utilitário.
Muitos dos princípios usados para trabalhar o aquecimento do espaço também servirá para manter o frio nas épocas mais quentes. Outras estratégias de arrefecimento passivo incluem vento, torres que captam brisas e as encaminham através da casa, e também conceitos simples e primários de resfriamento evaporativo.
3 - Utilize energias renováveis
Há muitas maneiras de evitar o uso de combustíveis fósseis, utilizando fontes renováveis como o sol, o vento ou a água para produzir eletricidade. Se você optar por fazer isso, tomará mais cuidado com a maneira como você usa sua eletricidade, porque ela será limitada. Deve-se escolher aparelhos energeticamente mais eficientes, lâmpadas fluorescentes compactas, que consomem cerca de um terço da eletricidade das lâmpadas incandescentes, entre outras providências. Evitem aparelhos com carga fantasma, muito comuns atualmente, que consomem energia apenas por estarem ligados.
4 - Economize água
Uma pessoa utiliza entre 150 e 300 litros de água por dia, mas é possível viver bem com muito menos. Deve-se projetar banheiros com baixa capacidade de água, limitadores de fluxo em chuveiros e torneiras, arejadores, caixas de descarga acopladas. Abordagens de conservação mais radicais incluem o desvio de água cinzenta do banho, lavagem de roupas e pias do banheiro para a rega das plantas, captura da água da chuva de telhados e áreas pavimentadas para uso doméstico. Estes podem ser meios de conservação da água muito eficazes e seguros, se feitos com cuidado para evitar a infestação de bactérias, cumprindo-se as leis locais que regulam essas estratégias. Projetos de paisagismo com critérios de permeabilidade também podem ser de grande utilidade para proteger os ciclos naturais.
5 - Use materiais locais
Em quase todas as localidades, a natureza proveu alguns materiais maravilhosos para construção, materiais que exigem pouco processamento ou transporte, com custos ambientais e econômicos baixos. Alguns são recursos renováveis (madeira e palha), e alguns podem ser tão abundantes que a sua oferta parece quase inesgotável (como pedras e areia). Uma das propriedades da construção com materiais locais é que eles parecem adequar-se ao espírito do lugar.
As pedras podem ser assentes em junta seca ou argamassadas, em grandes peças ou pequenas, e são de grande valor decorativo. Devido à sua massa energética, devem ser colocadas em lugares onde possa ser aproveitada para armazenamento e irradiação térmica. A areia e a argila também são de grande importância. A areia, quando contida, tem grande resistência mecânica. A argila é a matéria prima para a taipa de pilão, o adobe e o pau-a-pique. Qualquer tipo de solo que é composto de argila entre 20 e 30 por cento, com o restante de areia, é bom para fabricação de adobe.
6 - Use materiais naturais
O material mais ecológico é a madeira, o que menos incorpora energia, com cerca de 640 kilowatts-hora por tonelada. É, pois, o material mais “verde” que existe. Depois dela vem o  tijolo, que incorpora quatro vezes mais energia; depois o concreto (5 vezes); o plástico (6 vezes); o vidro (14 vezes), o aço (24 vezes) e o alumínio (126 vezes). Um edifício com muitos componentes de alumínio jamais poderá ser “verde”, do ponto de vista do custo total de seu ciclo de vida, por mais que seja eficiente no que diz respeito ao uso de energia. Considerando que o ambiente construído responde por cerca de 40% do consumo de energia do mundo desenvolvido, pode-se ter uma idéia do quão é importante a escolhas dos materiais.
O uso de materiais naturais é uma forma de acelerar a troca de energia, sem diminuir o desempenho térmico de uma casa. Dentre os materiais naturais, que são esteticamente agradáveis e benignos, pode-se incluir o gesso, a pedra,  a cal, o barro, (matéria prima do adobe, taipa, tijolos, telhas) madeiras, cortiça, papel, canas, bambu, todas as fibras naturais (linho, algodão, lã etc.) e escória, uma pedra vulcânica semelhante à pedra-pomes, leve e cheia de alvéolos de ar. Isto torna muito útil como um material isolante natural.
7 - Proteja as florestas
O uso de madeira na construção somente pode acontecer se esta madeira tiver a certificação de madeira sustentável. Isto significa que as florestas de onde as árvores são extraídas devem ser cuidadosamente monitorados, o que atesta a manutenção da capacidade de recuperação das florestas. Apenas um numero previamente determinado de certas árvores são abatidas periodicamente, deixando as remanescentes crescendo e contribuindo para uma saudável ecossistema.
8 - Reutilize os materiais e reclicle os edifícios
É gratificante, divertida e econômica a reutilização de materiais de construção antigos. Em nossa sociedade o material usado tem sido estigmatizado Nós valorizamos o “novo” acima de tudo. As forças do sistema produtivo nos fazem acreditar na necessidade de produzir o novo e substituir o antigo. Os bens são produzidos para durar cada vez menos. Antiguidades, é claro, podem adquirir o seu próprio prestígio devido à raridade, mas as novidades são mais procuradas. Não existe prática menos afim com a sustentabilidade do que esta. É preciso buscar o meio termo entre a necessidade de produção de bens para manter as demandas socio-econômicas, como empregabilidade etc., e as práticas sustentáveis.  Aliás este parece ser o gargalo da sustentabilidade.
Todos os materiais de construção podem ser reaproveitados, reutilizados ou transformados em novos produtos. Antigos tijolos podem ser utilizados em novas construções, concreto de demolição pode virar agregado de um novo concreto, vigas de madeira podem ser recicladas, esquadrias de madeira podem ser reutilizadas. Antigos edifícios podem ser readaptados para novas funções, novos padrões de instalações técnicas, novos usos do espaço, novo funcionamento. È um novo tipo de trabalho para os arquitetos que ganha cada vez mais adeptos e exige grande criatividade, conhecimento técnico e respeito pelo ambiente construído. Mas é uma prática das mais sustentáveis e que garante  grande poupança energética e financeira, minimizando os danos que as intervenções necessárias a novas construções exigiriam, sobretudo em ambientes densamente construídos nas grandes cidades.
9 - Construa para durar
O ingrediente principal da arquitetura sustentável é a durabilidade. Um edifício que não dura por muito tempo, é um desperdício de grande quantidade de energia incorporada, para não mencionar a perda econômica. Trata-se em parte uma questão de consciência: precisamos valorizar a arquitetura antiga. Demasiadas vezes os construtores fazer más escolhas de materiais ou de processos porque há um sentimento de que realmente um edifício somente precisa durar algumas décadas e, em seguida, deve ser demolido para criar o novo, porque a moda mudou, os códigos mudaram, os hábitos mudaram e os modos de consumir os edifícios mudaram. Algumas dessas mudanças são naturais e inevitáveis, mas outras são provocadas por um obsoletismo artificial, programado por agentes de produção.
10 - Partilhe instalações
Um princípio que encontra muita resistência, por diferenciar-se de nossas orientações atuais, mas muito favorável à sustentabilidade, é compartilhar o que você tem com os outros. Isso pode diminuir a necessidade de multiplicação desnecessária de instalações. Desta forma, um grupo de pessoas podem não somente ter menos ferramentas e aparelhos e áreas funcionais, mas, ao mesmo tempo pode dispor de uma maior variedade dessas instalações. Isso beneficia o ambiente, pela menor atividade industrial e individual e fornecendo mais opções de viver coletivamente.
 Arquitetonicamente, um excelente exemplo de partilha de instalações é o que é conhecido como cohabitação. Com isso, um grupo de pessoas concordam que vivem em situação habitacional coletiva, de forma que cada unidade familiar tem sua própria base de acomodações privativas, mas, existem outras instalações utilizadas em comum. Por exemplo, cada família pode ter seus próprios quartos, banheiros, salas e cozinhas pequenas, e, ao mesmo tempo, compartilhar com os outros moradores as instalações técnicas, salas de trabalho, reuniões, recreação, e oficinas diversas.
 Um modo de viver em um grupo cooperativo muito comum são comunidades intencionais chamadas eco-vilas. A cohabitação tem a vantagem da preservação do espaço aberto e pode significar um impacto menor sobre o meio ambiente. Aqui temos uma situação vitoriosa tanto para os residentes como para o meio ambiente.
 

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