Calda Bordalesa


A imagem das árvores urbanas perante a população nos últimos meses não tem sido a melhor. Com as  constantes quedas de árvores e galhos, os  prejuízos materiais e até tragédias ocasionadas nas tempestades, tenho recebido muitas consultas e pedidos de como retirá-las de frente de casa ou empresa. Árvore ficou vinculada à problema.
Nada mais errado, ela é solução para as questões ambientais e de qualidade de vida nas cidades. Mas esses acidentes na maioria das vezes tem a culpa do homem, seja o Poder Público ou cidadão. E muitos tem origem em algo que parece benéfico para a planta e  usual – as podas de galhos grandes.
Quando se corta galhos maiores que 5 cm de diâmetro, expõe-se uma área de tecidos vivos da planta susceptíveis à invasão e colonização de agressores como cupins e fungos, e dado o tamanho da “ferida”, a árvore demora a cobrir a poda com a casca e fechá-la. Nesse espaço de tempo, ela pode ser contaminada e ter sua sentença de queda.
O  que fazer
A calda bordalesa é um insumo utilizado em hortas e pomares orgânicos, eficiente em controlar várias doenças causadas por fungos.
Preparo e uso da CALDA BORDALESA
A calda bordalesa é uma das formulações mais antigas e mais eficazes que se conhece, tendo sido descoberta quase por acaso, no final do século XIX, na França, por um agricultor que estava aplicando água com cal para evitar que cachos de uva de um parreiral próximo de uma estrada fossem roubados. Logo, percebeu-se que as plantas tratadas estavam livres da antracnose. Estudando o caso, um pesquisador chamado Millardet descobriu que o efeito estava associado ao fato do leite de cal ter sido preparado em tachos de cobre. A partir daí, desenvolveu pesquisas para chegar à formulação mais adequada da proporção entre a cal e o sulfato de cobre.
Como preparar a calda bordalesa
A formulação a seguir é para o preparo de 10 litros; para fazer outras medidas, é só manter as proporções entre os ingredientes.
a) Dissolução do sulfato de cobre: No dia anterior ou quatro horas antes do preparo da calda, dissolver o sulfato de cobre. Colocar 100 g de sulfato de cobre dentro de um pano de algodão, amarrar e mergulhar em um vasilhame plástico com 1 litro de água morna; uma vez dissolvido, a água ficará com um tom azulado.
b) Água de cal: colocar 100 g de cal em um balde com capacidade para 10 litros. Em seguida, adicionar 9 litros de água, aos poucos. Quando comprar a cal virgem, deverá ser nova e de boa qualidade com alto teor de cálcio (90%). Ao colocar a água, quando a cal é nova e de boa qualidade, observa-se uma reação da mesma.
c) Mistura dos dois ingredientes: Adicionar, aos poucos e mexendo sempre, o litro da solução de sulfato de cobre dentro do balde da água de cal.
d) Teste da faca: Para ver se a calda não ficou ácida, pode-se fazer um teste, mergulhando uma faca de aço comum bem limpa, por 3 minutos, na calda. Se a lâmina da faca sujar, isto é, adquirir uma coloração marrom ao ser retirada da calda, indica que esta está ácida, devendo-se adicionar mais cal na mistura; se não sujar, a calda está pronta para o uso.
De toda a literatura existente, encontrei nesse artigo da EMATER gaúcha publicado em 2001 a formulação mais simples e fácil  de uma calda bordalesa que poderemos utilizar em nosso orquidário com segurança e eficácia.
Sua aplicação em todas as plantas do orquidário deverá ser no entardecer, com as plantas secas, dia não chuvoso, evitando-se aplicá-la em dias muito frios e sujeitos a geadas. Devemos aguardar dois dias da aplicação para irrigarmos normalmente o orquidário conforme nosso costume. Convém lembrar que a calda bordalesa deverá ser usada no máximo três dias depois de pronta, pois perde sua eficácia. Essa calda não afeta o meio-ambiente.
Entre uma e outra aplicação, devemos aguardar um período de cerca de 15 dias, seguida ou precedida de uma pulverização com adubo. Ou seja, se tivermos aplicado hoje por exemplo, uma solução líquida de adubo no orquidário, deveremos respeitar um mínimo de 15 dias para procedermos a uma aplicação antifungos com a calda bordalesa e vice-versa.
Os componentes desta calda, além de serem fungicida e bactericida, em especial contra a antracnose (certas manchas pretas das folhas das orquídeas), acabam sendo nutrientes. Havendo uma e outra planta atacada, devemos separá-las das demais fazendo uma calda em menor quantidade e pincelar com escova dental de cerdas macias, somente as “doentes”. A aplicação da calda evita propagação do fungo, mas não corrige as manchas já existentes.
DICA: Não compre cal virgem velho nem com teor de cálcio inferior a 80%, encontrado em casas de material de construção e o sulfato de cobre, pó de cristais azuis deverá ter uma pureza mínima de 25% , encontrável em casas de produtos agropecuários.
LEMBRETE
 A GRANDE CAUSA DA ANTRACNOSE EM NOSSOS ORQUIDÁRIOS É A MANIPULAÇÃO DAS PLANTAS COM INSTRUMENTOS DE CORTE OU PODA SEM A DEVIDA ESTERILIZAÇÃO BEM COMO O EXCESSO DE UMIDADE, SEJA PELA IRRIGAÇÃO EXAGERADA OU DIAS CHUVOSOS CONTÍNUOS, UMA DAS QUE MAIS SENTEM TAIS ADVERSIDADES SÃO AS PHALAENOPSIS.
 O ideal seria termos nossos orquidários com cobertura plástica removível própria para estufas, sobre a tela de sombreamento. Isso evitaria o excesso de água em épocas chuvosas. Minha sugestão é o uso dessa cobertura plástica somente na parte superior, já que as laterais deverão estar livres para a ventilação do orquidário. No meu ainda não coloquei e com isso eventualmente tenho problemas com fungos nas épocas chuvosas.

Fonte: EMBRAPA
             www.orquidariocuiaba.com.br

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